A Câmara Municipal de Trombas foi palco de tensão e confusão no dia 07 de outubro, quando uma moradora foi retirada à força do plenário pelo presidente da Casa, Edmilson Duarte de Lima, conhecido como Chinelão. O episódio reacendeu o debate sobre liberdade de expressão e o uso político do espaço legislativo no município.
Segundo relato de Camila Freitas, ela foi retirada por policiais após se manifestar contra declarações do presidente durante o encerramento da sessão. O momento, registrado em vídeo, mostra que o celular da cidadã chegou a ser tomado por um dos agentes.
“Eu me levantei e disse o que todos pensavam, mas poucos têm coragem de dizer: ‘Isso é tirania! Isso não é democracia!’ Foi o bastante para que ele mandasse os policiais me retirar à força”, afirmou Camila em suas redes sociais.
O clima dentro da Câmara, segundo a moradora, é de perseguição política. “Oito dos nove vereadores se ajoelham diante do prefeito Delvair Ramos, o popular Prego, defendendo cargos e interesses próprios em vez de lutar pelo povo. Quem fala a verdade é tratado como inimigo. Quem cobra transparência é calado ou humilhado. A Câmara virou um espaço de intimidação e medo”, desabafou.
Aliado declarado do prefeito Prego, Chinelão tem demonstrado que prefere a disciplina do curral político à divergência ou crítica. Durante a sessão, ele teria usado o microfone para atacar e difamar a oposição, representada pelo vereador Hugo Parente, impedindo respostas e encerrando a sessão sob clima de intimidação.
O vereador Hugo Parente confirmou que suas falas eram focadas em projetos de lei e questões da cidade, sem citar o presidente. “Ele usou a oportunidade de plenário cheio para defender o prefeito e me atacar com inverdades. Quando me retirei, a Camila se manifestou, e ele reagiu com força policial”, disse.
Procurado, Chinelão afirmou que agiu dentro do Regimento Interno: “Enquanto vereador, não posso permitir que alguém tumultue a sessão. Manifestação com cartaz é permitida, mas insistir durante a sessão justifica minha ação, inclusive com apoio policial se necessário”.
Nas redes sociais, o episódio repercutiu intensamente, com Camila reafirmando:
“Podem arrancar meu celular, podem me retirar à força, por eu ser oposição e ser mulher, mas não vão arrancar a minha coragem nem a minha voz”.
O trocadilho do apelido parece perfeito para resumir a situação: Chinelão, firme no apoio a Prego, pisa na liberdade de expressão enquanto tenta manter o plenário no “passo do curral”. O episódio deixa claro que, em Trombas, a política local ainda privilegia lealdade ao poder em detrimento do debate democrático.




