Objetivo do projeto é coletar, multiplicar e reintroduzir plantas nativas do Cerrado que enfrentam risco crítico de extinção
– Foto: Walker Ribeiro/Governo do Tocantins
O Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), em parceria com a Universidade Estadual do Tocantins (Unitins), está desenvolvendo uma ação para a conservação de plantas do Cerrado ameaçadas de extinção. A iniciativa integra as ações do Plano de Ação para Conservação das Espécies Ameaçadas do Território Cerrado Tocantins (PAT Cerrado Tocantins), no âmbito do Projeto Pró-Espécies: Todos Contra a Extinção.
O objetivo principal é coletar, multiplicar e reintroduzir plantas nativas do Cerrado que enfrentam risco crítico de extinção. O trabalho inclui coletas de campo, avaliações das populações remanescentes e o planejamento de novas etapas de reintrodução.
Dentre as espécies coletadas e propagadas em laboratório, destaca-se a Bromelia braunii, classificada pelo Ministério do Meio Ambiente como Criticamente em Perigo de Extinção. Encontrada na região das Serras Gerais, nos municípios de Natividade e Dianópolis, essa planta está sendo cuidadosamente multiplicada e reintroduzida em seu habitat natural.
Segundo Oscar Vitorino, biólogo do Naturatins e coordenador do PAT Cerrado no Tocantins, a iniciativa é fundamental para enfrentar as ameaças crescentes ao bioma. “A conservação do Cerrado depende de ações diretas e integradas como esta, que unem pesquisa, tecnologia e manejo ambiental. A Bromelia braunii é um exemplo de como o trabalho em laboratório e campo pode reverter cenários críticos de extinção e contribuir para a sustentabilidade e a preservação da biodiversidade”, destacou.
O biólogo Eduardo Ribeiro, membro da equipe técnica do projeto, ressaltou que a iniciativa é fundamental para retirar a Bromelia braunii da condição de espécie ameaçada de extinção. Ele explicou detalhadamente as etapas envolvidas no desenvolvimento do projeto. “A primeira etapa foi realizar a coleta de sementes no campo e trazê-las para o laboratório, onde passaram por um rigoroso processo de assepsia para evitar contaminações. Depois, ocorreu o processo de germinação e desenvolvimento dos brotos em meio de cultura e, posteriormente, multiplicação e aclimatação na casa de vegetação”, explicou.
Eduardo Ribeiro ainda destacou que a equipe já conseguiu propagar algumas mudas, atualmente em cultivo na casa de vegetação. “O passo seguinte é reintroduzir esse material na natureza e aumentar a população em campo. A baixa densidade populacional em áreas restritas, combinada com fatores de degradação e antropização, é a principal razão para o elevado grau de ameaça da Bromélia braunii. Assim, ao aumentar a população em áreas protegidas, esperamos contribuir para que a espécie saia dessa condição crítica de extinção”, frisou.
O laboratório de Biotecnologia e Culturas de Tecidos Vegetais da Unitins (Biotecnotins) é o centro onde os processos de multiplicação acontecem. A engenheira agrônoma e técnica responsável pelas atividades do laboratório, Ingrid Sara, destacou a relevância do trabalho. “Esse tipo de ação é de extrema importância, pois permite a recuperação de espécies que não conseguem se manter de forma natural na natureza. Com isso, garantimos a manutenção da biodiversidade do Cerrado, especialmente com as crescentes pressões sobre o bioma”, ressaltou.
Atualmente, o laboratório conta com cerca de 20 mudas de Bromelia braunii em processo de aclimatação em casa de vegetação, além de outras plantas em ambiente controlado no laboratório. “Aqui temos estrutura para a multiplicação de propágulos em condições controladas, reduzindo os fatores ambientais limitantes e aplicando métodos específicos para induzir o desenvolvimento dos embriões coletados em campo”, detalhou Ingrid Sara.
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