Zé Mininim mostra espécies de baunilha às margens do Fervedouro Beija-flor
– Foto: Lidiane Moreira/Governo do Tocantins
Diante do valor ecológico e econômico das baunilhas que ocorrem no Estado, o Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) tem desempenhado papel fundamental no apoio à pesquisa e à conservação destas espécies.
Financiada pelo Naturatins, por meio de edital de pesquisa com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Tocantins (Fapt), a pesquisa “Levantamento e resgate das espécies de baunilha nos Parques Estaduais de Proteção Integral do Tocantins, Brasil” é liderada pela professora Marta Heloísa Mairesse, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFTO), e tem por objetivo mapear e identificar as espécies que ocorrem espontaneamente das áreas dos parques do Cantão, Jalapão e Lajeado. “Os dados levantados são essenciais para a conservação das vanilas nativas, fornecendo a base para estudos futuros em ecologia, genética, biotecnologia e políticas de manejo ambiental”, detalhou a pesquisadora.
O projeto faz parte de uma iniciativa que destinou R$ 1,3 milhão em recursos provenientes de compensações ambientais para apoiar projetos de pesquisa nas Unidades de Conservação estaduais geridas pelo Instituto.
Baunilhas nativas
A raridade e o potencial econômico são alguns dos atributos das espécies nativas do gênero Vanilla, como a Vanilla pompona e a Vanilla chamissonis. As chamadas “baunilhas do Cerrado” têm despertado o interesse de instituições de ensino e de empreendedores pelo seu valor único, no setor alimentício bem como no mercado cosmético e medicinal.
Embora a baunilha seja conhecida como um dos aromas mais populares do mundo, grande parte do que é consumido vem de espécies cultivadas fora do Brasil, sobretudo a Vanilla planifolia. Entretanto, as baunilhas que ocorrem no bioma Cerrado, possuem características aromáticas e químicas que as tornam singulares.
Além do uso culinário, as espécies encontradas no Cerrado têm sido objeto de estudo por suas propriedades fitoterápicas e na cosmética. Assim, diante da tendência global por produtos naturais e sustentáveis, as baunilhas nativas se apresentam como alternativa para promoção do desenvolvimento socioeconômico de comunidades locais e pequenos produtores da região.
Comunidades locais
Outro aspecto importante, além do apoio financeiro do Naturatins, é o incentivo ao envolvimento das comunidades locais no processo de cultivo e manejo sustentável das baunilhas. Ao valorizar o conhecimento tradicional e a participação das populações que habitam o Cerrado, o Naturatins objetiva fomentar uma nova fonte de renda sustentável e uma alternativa econômica para agricultores familiares e pequenos produtores como é o caso do senhor José Batista dos Santos, conhecido como Zé Mininim e pela sua produção da farinha de jatobá e que vê, nas baunilhas, uma nova potencialidade.
“Tenho 20 anos de comércio com a farinha de jatobá e vejo que com as baunilhas será a mesma coisa”, destacou Zé Mininim ao lembrar que sua mãe, Pedronia Batista, a dona Roxa, de 81 anos, usava as baunilhas para aromatizar óleo de mamona usado para hidratação dos cabelos.
Na sua propriedade, a Fazenda Mundo Novo, há presença de baunilhas, inclusive às margens do Fervedouro Beija-flor, atrativo cuja propriedade pertence à sua família.
A gerente de Suporte ao Desenvolvimento Socioeconômico do Instituto, Samyla Valadares, destaca que com o apoio contínuo do Naturatins, espera-se que a pesquisa e o cultivo das baunilhas do Cerrado não apenas ajudem a preservar essas espécies, mas também fomentam uma cadeia produtiva de alto valor agregado, com benefícios para a economia e a preservação ambiental.
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