A prefeita de Gurupi, Josi Nunes, resolveu mirar alto — bem alto. Enviou à Câmara Municipal o Projeto de Lei Ordinária nº 042/2025, pedindo autorização para contrair um empréstimo internacional de 50 milhões de dólares (cerca de R$ 280 milhões) junto ao CAF – Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe.
E, claro, com garantia da União — porque confiança é tudo, principalmente quando a conta é grande.
De acordo com o projeto, o dinheiro será usado no Programa de Financiamento de Obras e Infraestrutura de Gurupi, que promete contemplar praticamente tudo: modernização da gestão, infraestrutura urbana e social, gestão ambiental, elaboração e fiscalização de projetos e até supervisão de obras. Um pacote completo de promessas que caberia facilmente em um plano de governo inteiro.
A justificativa enviada pela prefeita afirma que a operação de crédito segue “estritamente os parâmetros da Lei de Responsabilidade Fiscal”, e que o financiamento visa “melhorar a qualidade de vida da população”. O texto também reforça que o CAF oferece condições vantajosas, o que soa quase como um convite irresistível para endividar-se com elegância internacional.
O detalhe é que, como contragarantia, o município autoriza a vinculação de receitas previstas na Constituição Federal, ou seja: se o pagamento apertar, a conta estará bem amarrada nos cofres públicos.

Nos bastidores, o projeto tem gerado comentários e levantado sobrancelhas. Alguns vereadores admitem que o valor é o maior financiamento da história de Gurupi, enquanto outros pedem cautela, lembrando que quem paga a conta, no fim, é sempre o contribuinte.
Com a matéria agora nas mãos do Legislativo, a expectativa é saber se os parlamentares vão aprovar o pedido — e se Gurupi realmente precisa de 50 milhões de dólares de crédito internacional para começar a resolver problemas que, até aqui, não exigiram tanta sofisticação financeira.
Resposta da Prefeitura
Em nota informativa, a Prefeitura de Gurupi defendeu o pedido de autorização e destacou que a operação de crédito proposta oferece condições altamente vantajosas para o município.
Segundo o comunicado, o objetivo é viabilizar investimentos estruturantes que irão transformar a infraestrutura urbana e social da cidade, com juros de apenas 2% ao ano, carência de 5 anos e meio e parcelas de R$ 1,5 milhão, a serem pagas após o término da carência, quando o município já terá quitado suas principais obrigações financeiras.
A gestão afirma que o modelo garante responsabilidade fiscal e sustentabilidade financeira, permitindo a execução das obras sem comprometer o equilíbrio das contas públicas.
Destinação dos Recursos
Os recursos, segundo a nota, serão aplicados em várias frentes de infraestrutura e desenvolvimento:
- Mobilidade e Urbanismo: construção da Perimetral Norte, pavimentação de bairros e recapeamento de vias.
- Parques e Lazer: construção dos parques Pouso do Meio, Nascentes do Mutuca e Balneário Água França, além da conclusão do Parque Estação da Cidadania.
- Esporte e Cultura: reforma e ampliação do Centro Olímpico e modernização do Ginásio Mauro Cunha.
- Desenvolvimento Econômico: construção de estrutura definitiva para a Feira da Agricultura Familiar.
- Educação e Saúde: reforma e modernização de 13 escolas e 13 unidades de saúde.
- Gestão Pública: construção do Centro Administrativo, aquisição de sistemas de modernização do Fisco e Regularização Fundiária.
- Sustentabilidade: implantação de usinas fotovoltaicas e ampliação do aterro sanitário com usina de biogás.
A Prefeitura encerra a nota afirmando que o projeto representa um marco na modernização de Gurupi, reforçando o compromisso com a transparência e a responsabilidade na aplicação dos recursos, e aguarda a deliberação da Câmara Municipal para dar seguimento ao plano de transformação.




