Promovido pelo Governo do Estado, via Secretaria da Cultura (Secult), com apoio do Arquivo Nacional, da Universidade Federal do Tocantins, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan-TO) e do Ministério Público (MP-TO), o I Seminário de Arquivos Históricos Documentais do Tocantins teve início nesta quarta-feira, 7, no auditório da Reitoria da UFT, em Palmas. A cerimônia de abertura contou com a apresentação artística da Orquestra Sinfônica de Cordas Vila União, além da presença de gestores, autoridades e da comunidade em geral. O evento, que segue até esta quinta-feira, 8, tem como tema Memória e Cidadania, e seu objetivo é promover a conscientização sobre a importância dos arquivos históricos, incentivar a pesquisa acadêmica e fomentar o intercâmbio de conhecimentos entre profissionais da área.
Durante a cerimônia de abertura, a secretária-executiva da Cultura Valéria Kurovski deu as boas-vindas em nome do secretário Tião Pinheiro, que cumpre compromissos institucionais no Rio de Janeiro (RJ) até este domingo, 11. Na ocasião, a gestora destacou a importância do seminário para o Tocantins, sublinhando a relevância dos arquivos para a compreensão da memória e da identidade do estado. “O Tocantins é muito rico em história e formação. Nós precisamos entender e mapear onde estão esses documentos que contam a história do estado, desde muito antes de sua criação, pois são esses arquivos que conseguem delinear, nos mostrar como somos, como nossa sociedade foi formada e o porquê das nossas manifestações culturais”, pontuou.
O coordenador do escritório de representação do Ministério da Cultura (MinC) no Tocantins, Cícero Belém, elogiou a iniciativa do Estado em promover a discussão sobre arquivos documentais. Segundo ele, a realização do evento sinaliza uma visão abrangente e inclusiva para a política cultural. “Este seminário representa um marco na abordagem das políticas públicas culturais, na perspectiva de trazer temas centrais à discussão de uma forma mais ampla e inclusiva,” afirmou.
A pró-reitora de Extensão, Cultura e Assuntos Comunitários da UFT, Maria Santana Milhomem, expressou sua satisfação por sediar o evento na Universidade e enfatizou o papel da instituição em conectar a academia com a sociedade. “Fico muito feliz de vocês terem lembrado da Universidade como um espaço para esse evento. Aqui é onde trabalhamos com formação de pessoas e a UFT tem que ter esse contato direto com a sociedade externa”, disse. Maria também ressaltou a importância dos arquivos documentais. “Precisamos compreender a importância da memória, pois o passado é importante para o presente. Sem memória não existe história”, complementou.
A presidente do Conselho de Políticas Culturais do Tocantins (CPC-TO), Valéria Picanço, elogiou a realização do seminário e a presença do Arquivo Nacional, e ressaltou a importância da memória para a identidade e futuro da sociedade tocantinense. Ela afirmou que eventos dessa magnitude são fundamentais para a preservação da cultura local. “Quero parabenizar a Secult e a equipe que se envolveu. É muito importante a presença do Arquivo Nacional aqui. Fiquei muito feliz com essa iniciativa, pois precisamos cuidar da nossa memória para entender nosso futuro enquanto pessoa e sociedade”, disse.
Antônio Miranda, superintendente de Fomento e Incentivo à Cultura da Secult, destacou que o seminário é um passo crucial na preservação da memória e identidade cultural do Tocantins. “Este é um acontecimento histórico por vários fatores. Primeiro, pela sua magnitude e importância em todo esse contexto social, político e cultural do estado, e segundo, porque este é o primeiro seminário desta modalidade que acontece aqui. Esse tema é muito forte, porque nós estamos falando não só de história, mas de identidade, memória, e é papel do Estado promover eventos em prol desse patrimônio cultural”, concluiu.
Mesa-redonda
A importância das iniciativas arquivistas no Tocantins foi o foco de uma mesa-redonda mediada pelo professor e historiador Wátila Misla Fernandes Bonfim. Com mestrado em Geografia e doutorado em andamento na Universidade de Brasília (UnB), o especialista promoveu o debate destacando a relevância dos arquivos em Natividade, bem como dos documentos eclesiásticos nas paróquias deste município e das cidades de Arraias e Monte do Carmo.
Simone Camelo, representante da Associação Comunitária Cultural de Natividade, compartilhou seu entusiasmo pela participação no evento e enfatizou a importância do movimento do Estado para valorizar o que a comunidade já considera fundamental. A fazedora de cultura pontuou a responsabilidade histórica e cultural de seu município, considerado o povoamento mais antigo do Tocantins, e destacou o papel crucial da cidade na preservação da memória tocantinense. “Isso por si só já é uma grande responsabilidade e é uma referência histórica cultural para conhecer nossas origens no Tocantins”, disse.
A professora da UFT, Valdirene Gomes dos Santos, destacou a importância da colaboração entre pesquisadores e universidades. Ela compartilhou suas experiências no município de Arraias e ressaltou a necessidade da união para avançar na preservação dos documentos históricos. “Este é um momento de nos organizarmos e juntarmos forças, pois aqui temos vários pesquisadores que são referências e é muito importante entendermos a Universidade”, afirmou.
Isabelle Figueiredo, promotora de Justiça do Ministério Público do Tocantins, que na ocasião representou o promotor Vinícius de Oliveira e Silva, destacou a importância de conservar documentos históricos, mencionando a abordagem da instituição em relação à preservação. “Por muito tempo o MP-TO e o MPF tratavam as questões de demandas históricas de conservação, sítios arqueológicos, como demandas a serem tratadas pelo MPF. O MP-TO, então, quis embarcar nessa questão e passou a tratar diretamente com o Governo do Estado. Eu e o Dr. Vinicius iniciamos um trabalho para proteção dos documentos históricos do Tocantins, o acesso das pessoas, dos pesquisadores, às informações sobre suas origens”, disse.
A superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Tocantins (Iphan-TO), Cejane Pacini, também presente na mesa, falou sobre o papel da instituição no estado, abordando a importância das ações desenvolvidas para a preservação de acervos documentais. “No estado desenvolvemos ações importantes a partir da realização de pesquisas”, disse a arquiteta, ao relembrar a necessidade de desenvolver estudos e levantamentos sobre o patrimônio local.
Arquivo Nacional no Tocantins
O diretor de Gestão de Documentos do Arquivo Nacional, Jean Marcel Caum Camoleze, ministrou a primeira palestra da programação, com o tema Arquivo, Educação e Pesquisa – Memória e Cidadania. O historiador abordou a relevância dos arquivos na construção da identidade e da memória histórica e discorreu sobre a importância da gestão e da preservação dos documentos como ferramentas para entender o passado e moldar o futuro.
“Arquivo histórico não se destrói, se constrói. Esses documentos nos unem e trazem um processo de base comum. É um ponto onde conseguimos saber sobre os processos, dinâmicas e é por meio desses arquivos que conseguimos implantar políticas públicas voltadas a essa temática”, disse o diretor.
Maria Júlia Faissal, coordenadora de Preservação do Arquivo Nacional, ministrou a oficina Conservação de Documentos Históricos e destacou a importância da iniciativa. Ela explicou que, ao implementar estratégias de conservação preventiva, os gestores podem reduzir significativamente o risco de deterioração, garantindo que as coleções sejam preservadas de maneira eficaz e sustentável ao longo do tempo. A coordenadora aproveitou ainda para comentar a necessidade de iniciativas como o seminário para a execução de políticas culturais no Estado.
“Esse é um pontapé inicial aqui no Tocantins e eu acho extremamente relevante esse primeiro seminário. É um grande passo para muitas coisas que virão. Espero que tenham vários desdobramentos e vários eventos depois desse, porque é um assunto que tem que ser discutido de verdade”, pontuou.
Apaixonada por história, a advogada Aline Brito prestigiou o primeiro dia de evento e lembrou da importância entre “passado, presente e futuro para ter fundamento em nossas vivências como sociedade, para nossa evolução como seres humanos e também para proporcionar um equilíbrio para a natureza em todo o contexto”. Animada com a programação do segundo dia, a pesquisadora ainda convidou toda a comunidade tocantinense para a participar do segundo dia de evento, “que está maravilhoso e é de suma importância para a preservação de nossa história e para o futuro”, completou.
A programação do I Seminário de Arquivos Históricos Documentais do Tocantins segue nesta quinta-feira, 8. Confira abaixo:
Quinta-feira, 8 de agosto de 2024
8h – Momento Cultural
9h – Palestra – Memória, Patrimônio e Identidade
Kátia Maia Flores – Universidade Federal do Tocantins – UFT
10h – Reunião técnica com gestores de arquivos e acervos históricos do Tocantins
Estruturação da Rede de Arquivos Históricos Documentais do Tocantins
Wátila Misla Fernandes Bonfim
Mediação: Jean Marcel Caum Camoleze
11h30 – Encerramento
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