A avaliação entre interlocutores é de que o cenário ficou ainda mais delicado após a Operação Nêmesis, deflagrada nesta quarta-feira (12), que investiga suposta tentativa de obstrução da Operação Fames-19, responsável por apurar desvios na compra de cestas básicas durante a pandemia.
Nos bastidores, o clima é de desespero. Aliados de Wanderlei Barbosa já admitem, sem rodeios, que o governador afastado caminha para um ponto sem retorno. A cada nova operação da Polícia Federal, a imagem do político — antes tratado como figura forte para disputar o Senado — se degrada um pouco mais.
A ordem agora entre interlocutores é clara: convencer Wanderlei a renunciar enquanto ainda há algo a salvar. A avaliação interna é dura: se ele insistir em permanecer agarrado ao mandato, pode acabar inviabilizando até a própria sobrevivência política.
Entre parlamentares e lideranças que antes o apoiavam, a leitura é praticamente unânime:
as denúncias graves, somadas à suspeita de obstrução, empurram Wanderlei para fora do jogo eleitoral.
A Operação Nêmesis apenas cristalizou o que muita gente já dizia em voz baixa — o projeto ao Senado, que antes parecia certo, hoje soa como fantasia. Até aliados mais fiéis reconhecem que é improvável, para não dizer impossível, que Wanderlei consiga se reerguer com o peso das investigações que se acumulam.
O silêncio do governador afastado não é interpretado como estratégia, mas como incapacidade de reagir. E no mundo político, quando um líder não reage, o sistema cuida de eliminá-lo.
Se renunciar agora, Wanderlei ainda tenta preservar algum resquício de dignidade. Se insistir em esperar o pior, corre o risco de sair da vida pública pela porta dos fundos — acompanhado apenas das manchetes de corrupção.




